Era uma Igreja muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...

Fui ensaiar ontem o coro da Igreja Metodista em Rudge Ramos. Fazia um tempinho que não passava pelo bairro durante a semana. Na última vez que passei, ao redor da Universidade Metodista, estava tudo quieto e vazio. Lembrei dos velhos tempos, muita agitação, carros, jovens por todos os lados. Parecia que o coração do bairro tinha parado de bater.

Talvez a universidade não seja propriamente o coração de Rudge Ramos, mas certamente é um órgão muito importante que traz (trazia?) vida e movimento ao bairro. Um órgão que ainda não está morto, mas está muito doente, e isso dói em mim.

Da mesma forma a Universidade Metodista, principalmente a Faculdade de Teologia, é um órgão vital na vida da Igreja Metodista. Essa também muito adoecida. Feririam seu coração, a FaTeo, responsável pela formação essencial da vida da Igreja: a formação de seus pastores e pastoras.

O colégio dos bispos encontra-se esvasiado, ou seja, a Igreja está com o coração doente e o cérebro aparentemente inoperante. Pessoalmente gosto muito de pessoas que estão lá. Já outros, que tive a estranha experiência de trabalhar junto, vi de perto a mediocridade de parte da liderança maior da Igreja.

Esse é um grande problema da Igreja Metodista do Brasil. Os medíocres estão ganhando, fazendo da igreja uma cópia feia e pobre das igrejas "gospel" neopestescostais voltada para os jovens.

Houve um empobrecimento do pensar e do fazer teológico, desvios dos princípios wesleyanos ( e bíblicos) em nome de projetos, visões e estratégias de crescimento numérico longe do verdadeiro discipulado da cruz de Cristo.

Há tantas decisões erradas. A própria criação da Rede foi um grande equívoco. A criação de uma nova Região Eclesiástica foi outro erro terrível que nada ajuda na caminhada da Igreja, mas aprofunda a crise ética, moral e financeira que já estamos afundados (mais uma sede, mais um bispo, mais gastos...).

Sempre achei que nosso foco deveria ser a igreja local, afinal é lá que a vida da igreja realmente acontece, a vida de devocional, cúltica, evagelísca, emfim, a vida de fé. O problema é que, sem uma liderança maior clara, que defina caminhos, posicionamentos, que não se venda a negociatas de poder, as igrejas locais tentem a se fragmentar, se distanciar e, ou podem esfriar e morrer, ou podem partir para uma divisão da tão frágil estrutura da Igreja Metodista.

É só uma reflexão boba, feita no calor do momento, da saudade que me deu ao passar perto da Universidade Metodista, que, sim, oro para que se recupere. Oro pra que a FaTeo volte a ser respeitada dentro da igreja, que a chamada "Casa dos Profetas" não perca sua vocação de formação, mas também de anúncio e de denúncia profética e de um profundo e importante fazer teológico. Sem uma teologia consistente, não se faz uma igreja saudável e firme. Sem uma teologia pensante e desafiadora, a missão se perde e vira mero desejo de crescimento numérico para acúmulo de poder, e não movimento divino para resgate da humanidade.

Oro pela igreja e pelas instituições que tanto amo. Sei que é bobeira amar instituções, mas minha história de vida está tão atrelada a elas, que é inevitável.

Também sei que dentro dessas instituições existem gente boa de Deus dando seu tempo, suas forças, sua saúde e sua vida para fazer o seu melhor, sem nem saber se serão recompensados por isso. Oro de todo coração por essas pessoas também.

Faça-se a Tua vontade, Senhor, sobre Tua Igreja Metodista e sobre a minha vida.

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