Chamados a compartilhar a fé, mas não a convencer ninguém.




Os evangelhos contam a história de um jovem que era rico. Esse jovem era um verdadeiro cidadão de bem: cumpria as leis e todos os preceitos da religião, era um bom rapaz.

Você pode ler essa história em Mateus 19: 16 a 23 (mas vale a pena ler até o versículo 30) e em Lucas 18: 18 a 30 e também em Marcos 10: 17 a 22.

Um dia esse jovem encontrou com Jesus, o chamou de bom mestre e perguntou o que ele devia fazer para entrar no reino dos céus.

A primeira resposta de Jesus foi: Porque você me chama de bom? Só tem um que é bom.

Que desbaratinada de Jesus, não é?

E Jesus acrescenta “para entrar no reino, obedeça aos mandamentos”.

A resposta foi simples e direta, não é? Mas o jovem gente boa resolve perguntar: quais mandamentos?

Jesus faz um resumão da lei e responde: “Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe e Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

O cara reponde que já está fazendo tudo isso, mas perguntou se faltava alguma coisa.

Será que ele já se achava bom, por isso a primeira resposta de Jesus? Será que ele veio procurando aprovação, um selo divino de qualidade da sua conduta perfeita, uma autoafirmação?

Só sei que o cara resolveu esticar a conversa.

“Jesus olhou para ele e O AMOU. “Falta-lhe uma coisa”, disse ele. “Vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me.”

Diante disso, ele ficou abatido e afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas” (Marcos 10. 21 e 22).

Interessante esse brevíssimo comentário que encontramos no evangelho de Marcos: Jesus olhou para ele e O AMOU!

Amou a ponto de falar a verdade, direto, mesmo sabendo que entristeceria o rapaz. Depois disso Jesus não argumentou mais nada, mas cada um seguiu seu caminho e o peso de sua escolha.

É uma passagem fascinante e um diálogo impressionante que fala muita coisa em tão pouco espaço: preceitos morais, religiosidade, o valor das coisas... a mensagem em si já é válida e poderosa, ainda mais vinda diretamente dos evangelhos.

Mas queria destacar uma outra cosia: a atitude de Jesus.

Como disse, Jesus falou diretamente a verdade para o jovem, sabia que ele tinha entendido e o deixou em paz. Não ficou argumentando, tentando convencer, fazendo apelo e nem textão, apenas o deixou ir, mesmo que entristecido.

E, mais uma vez destaco, o texto em Marcos nos revela que Jesus O AMOU, ou seja, não deixou quieto por não se importar, por não estar nem aí, mas talvez justamente por que se importava.

Jesus, naquela época, não era ainda conhecido como hoje o conhecemos, o salvador do mundo, o superstar, o nome mais conhecido na face da terra. Era um sábio que chamava a atenção E AS PESSOAS IAM ATÉ ELE para ouvir, para perguntar (como fez o jovem), para aprender.

O mesmo acontecia com João Batista, que, diga-se de passagem, não fez nenhum milagre, e mesmo assim as multidões iam até o deserto para ouvi-lo.

Talvez o Evangelho que e as igrejas de hoje pregam esteja com alguma falha, ou a falha está no que se entende sobre evangelização, que se transforma em infinitos debates, bate boca mesmo, ataques uns aos outros e a outras expressões de fé. Aliás, não lembro de ler em nenhum evangelho Jesus criticando outras religiões, mas somente os religiosos da sua própria religião, o judaísmo (Jesus é judeu) em suas várias vertentes. A sua própria religião ele criticou duramente.

Alguém certa vez disse: não aumente sua voz, melhore seus argumentos. Parece que os cristãos de hoje só conseguem gritar e provocar e repetir os mesmos velhos jargões e argumentos a pessoas que sequer estão interessadas no assunto, mas não melhoram a qualidade e a profundidade do Evangelho que pregam e, supostamente, vivem.

Em sua vida faça como Jesus. Se alguém lhe perguntar, fale da sua fé, compartilhe suas experiências e viva verdadeiramente sua espiritualidade. Se a pessoas se interessar, que bom, quem sabe se torne um discípulo, uma discípula, se não, tudo bem. Não tem porque ficar enchendo o saco dos outros. Você não ganha pontos no céu por produtividade e cristianismo não é marketing multi-nível.

Sigue a Jesus, na boa. Pra mim ele verdadeiramente é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Se Jesus mandar, vende tudo o que tem e dá aos pobres, veja bem, aos pobres, não à igreja ou a pastores, e segue sua vida em paz.

Segue seu caminho. Se alguém quiser andar com você, caminhe junto e viva o amor de Deus para com todo mundo, se a pessoa não quiser, faça como Jesus, a ame, e deixe-a seguir com sua vida e ore por ela e por todos com esse mesmo amor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Era uma Igreja muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...

Flores e frutos | Sobre a importância de não perder os objetivos

Ele a tomou para si...